Falar de sexo às crianças

A partir de que idade é recomendado conversar sobre sexo com as crianças?
O adulto deve explicar a verdade ou formular aquelas histórias da cegonha, etc.?
Embora desde o início do século XX, Freud ja tenha falado sobre sexualidade infantil, ainda hoje, pais e educadores, nem sempre sabem como lidar com perguntas e atitudes das criancas.
Desde muito pequena a criança começa a desenvolver a sua identidade sexual. A consciência de ser menino ou menina, desenvolve-se na criança até aos 3 ou 4 anos. Basta observar as suas brincadeiras de "faz-de-conta" e ver que elas assumem papeis referentes ao sexo com que se identificam. Um menino de 4 anos nao irá falar que vai ser a mãe da família, mas com dois anos é provável que o diga.
Essa aprendizagem inicia-se através da observação e interacção com os modelos primários: pai, mãe, irmãos, avós e tios, convívio social e a televisão.
É por isso que as crianças, desde muito pequenas, fazem perguntas relativas à sexualidade, mas que os pais, muitas vezes, temem responder. São perguntas simples: como se beija (e querem beijar na boca), como se faz um bebé ou por onde eles entram na mulher, por onde eles nascem.
E para essas perguntas é fundamental não mentir. Porém, antes de responder à pergunta, faça outra. Por exemplo, à questão “como nascem os bebés?”, investigue as fantasias da criança “como tu achas que nascem?”. E a partir das fantasias explique o que a crianca pede, sem muitos detalhes, mas nada de falar da cegonha, da sementinha que a mamã comeu ou que pai do céu mandou. Deve falar que quando duas pessoas se gostam, beijam-se, abraçam-se, que os corpos ficam juntos...isso é fundamental para que a criança comece a associar sexo a amor, união e não a algo proibido, feio ou sujo.
Mas para estar preparado para falar com os pequenos é preciso saber lidar com medos, tábus, preconceitos e fantasmas relativos à sexualidade, pois cada família educa segundo os seus conceitos morais, éticos e religiosos, portanto é fundamental que os pais possam ter liberdade para falar com os filhos sobre este assunto.

Recomenda-se puxar o assunto ou aguardar perguntas da crianca?
Os pais devem ter o “feeling” para saber o que é mais adequado. Por exemplo, a criança conversando com outra fala que a amiga “fez amor” (talvez porque tenha visto uma cena de abraço). Então, neste momento, chegou a hora de esclarecer a questão “fazer amor” mesmo que a criança nao tenha perguntado.
Saber sobre sexo e reprodução humana é fundamental para a compreensão da própria vida. Toda a crianca deve ter a oportunidade de aprender a respeito desta experiência, e os pais, apesar de se tornarem ansiosos, são as pessoas mais indicadas para lhe exporem os factos.
A educação sexual é preocupação da maioria dos pais, dada a importãncia do sexo na vida do indivíduo e a dificuldade que os próprios pais sentem em orientar os seus filhos sobre o assunto. Falar em sexo termina, sendo um tábu.
Como resultado, vêem-se criancas e adolescentes com informacoes deformadas, cheios de curiosidade, insatisfação, intranquilidade e malícia. As informações, regra geral, são obtidas de amigos e leituras pornográficas.

É importante esclarecer a diferença entre educação sexual e orientação sexual:
Educação sexual - é a aprendizagem automática, constante e inconsciente de atitudes, gestos e ideias que se inicia a partir do nascimento.
Orientação sexual - é o conjunto de esclarecimentos e noções dados deliberadamente, intencionalmente, à criança por outras pessoas, além dos pais.

Razões para falar de sexo com as crianças:
  • A criança mais bem informada terá maiores probabilidades de lidar com a sexualidade e, no futuro, vivenciá-la sem culpa.
  • Conversar sobre esse assunto ajuda a destruir alguns mitos e a corrigir informações e conceitos equivocados.
  • Quando não há um espaço para falar sobre sexo claramente e expor suas dúvidas, a criança cria fantasias que geram ansiedade e que, muitas vezes, no futuro, trazem prejuízos emocionais, de relacionamento e sexuais.
  • Possibilita um aumento da intimidade entre pais e filhos.
  • Quando conversam, as crianças ficam mais tranquilas porque sentem as suas dúvidas sanadas.
  • A criança aprende a conhecer melhor o próprio corpo e a sexualidade.
  • Identifica situações de possiveis abusos sexuais.
O adulto deve restringir-se a responder ao que a criança perguntou ou ampliar a explicação?
Quando a pergunta vem à tona a tendência é evitar. Se possivel, adiar para mais tarde. A sensação de vergonha e desconforto sobre os diversos aspectos da sexualidade, que podem surgir, causam inseguranças. Possivelmente devido ao incomodo das recordações que esse assunto, lá atrás, causou. A hesitação talvez esteja nessas lembranças. As inibições afloram e entramos em contacto com a nossa própria ambiguidade: o que devemos dizer, e como devemos dizer? O que pensamos e acreditamos sobre o sexo e o que queremos que as nossas crianças acreditem?
As crianças, quando começam a questionar, é sinal de que elas querem saber, e contam com isso! Sentem que podem falar com os seus pais, sobre o que lhe vier à cabeça. Sexualidade é mais um tópico entre muitos outros que estão por vir. Elas contam com um clima de abertura, não só para falar mas também para escutar. Entretanto, se isso não ocorrer, não significa que não vão continuar indagando, só que a terceiros.
Sublinhe-se, primeiro, investigue as fantasias, verifique até onde você pode ou consegue explicar e até onde ela quer saber - os pais são os mais indicados para terem esta percepção.
Se é muito incómodo esse assunto para você, leia alguns livros, discuta suas dificuldades com um amigo, um parente ou um profissional. O importante é que você se questione sobre o assunto e seus limites. Mesmo se você não puder superar completamente o seu desconforto em falar com seus filhos sobre a diversidade de assuntos, onde está incluso o da sexualidade, nao se preocupe em admitir-lhes. Não se iniba! Não permita que isso se transforme em desculpas, mantendo, assim, o assunto fora das conversas familiares.

É útil controlar os programas de TV que a criança assiste? Revistas e livros também devem ser controlados?
Os pais devem filtrar as informações que chegam à criança de acordo com aquilo que ela pode absorver, de acordo com sua maturidade emocional e intelectual, porém, isto não significa que ter assistido uma cena de nudez ou sexo da novela das oito trará prejuízos à crianca. Se isto ocorrer, mais uma vez, a ferramenta do diálogo deverá ser utilizada.
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