
Entre alguns dos factores desencadeadores destes novos estilos de vida perigosamente sedentários, conta-se:
- O desaparecimento progressivo da "cultura de jogo de rua", colocando as experiências espontâneas de vida das "culturas de infância" em vias de extinção. As ruas desapareceram como local de jogo livre. O brincar no exterior tem sido rapidamente substituído por comportamentos sedentários dentro de casa.
- O aumento da densidade de tráfego automóvel, provocando limitações de espaço disponível junto às habitações e na cidade em geral.
- A diminuição do espaço livre em que o fenómeno de urbanização e a reduzida e institucionalizada política de equipamentos de espaços de jogo para a infância, não favorecem o desenvolvimento de experiências de jogo e aventura.
- O aumento de insegurança e protecção, com a família a alterar os padrões de liberdade na educação dos filhos sobre a frequência de espaços exteriores, diminuindo as margens de risco atribuídas nas actividades de jogo e actividade física.
- O aumento da formalidade da vida escolar, com mais actividades curriculares organizadas na escola, a par de um menor tempo de actividade livre.
- O aumento de actividades e jogos institucionalizados em que o uso do tempo, espaço e actividades organizadas (desportivas, artísticas e religiosas) se colocam como "escolas
paralelas" e como consequência faz desaparecer o tempo verdadeiramente livre (jogo espontâneo e exploratório), configurando-se progressivamente a ideia de "crianças de agenda" - nos grandes centros urbanos constata-se que existem crianças com mais de duas ou três actividades organizadas para além do tempo escolar. - A diminuição do nível de independência de mobilidade , isto é, a autonomia de circulação das crianças no espaço urbano diminuiu de forma significativa nos últimos anos (percursos, percepção do espaço físico e possibilidades de acção).
Esses fenómenos, associados a hábitos alimentares desajustados - em parte promovidos pela elevada frequência de publicidade televisiva sobre alimentação inadequada, a que as crianças são expostas diariamente - aumentam em muito a possibilidade de desenvolverem sobrepeso e obesidade, que trazem consigo a possibilidade do surgimento de doenças crónicas degenerativas como hipertensão, diabetes e colesterol elevado, entre as mais comuns.
Além disso, a obesidade pode trazer consequências indesejáveis no desenvolvimento psicológico e social das crianças.
Todos esses constrangimentos à mobilidade e ao acesso a espaços físicos de descoberta libertadora do indivíduo actual , devem ser contrariados, promovendo políticas e criando espaços que permitam às crianças criar hábitos adequados de actividade e exploração física (de descoberta, portanto), que potenciem o seu desenvolvimento harmonioso.Deste modo, o exercício deve fazer parte da vida da criança desde pequena. Os benefícos são muitos e não estão relacionados apenas com o controlo de peso, mas também com o desenvolvimento físico, mental e social e de interacção com o meio.
A prática regular de exercício físico adequado traz, entre outros, os seguintes benefícios para a criança:
- Mantém a criança saudável e em forma ao longo de toda sua vida e torna-a mais feliz.
- Protege-a contra doenças.
- Faz com que se sinta com mais energia e vigor para realizar atividades diárias.
- Evita e combate a ansiedade e a depressão.
- Ajuda a relaxar e a dormir melhor.
- Melhora a flexibilidade, a coordenação motora, o equilíbrio, o esforço e a resistência.
- Fortalece os ossos, músculos, coração, pulmões e sistema circulatório.
- Aumenta o rendimento escolar.
- Proporciona segurança em si mesmo e vontade de continuar se superando.
É importante lembrar que ter uma boa alimentação e levar uma vida activa são dois ingredientes indispensáveis para alcançar uma vida saudável.
Leia também Actividade física e saúde - as políticas para a infância, de Carlos Neto. Boletim do IAC
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