Alimentação e saúde oral

As cáries dentárias ocorrem quando existem diversos factores simultaneamente:
- Primeiramente, tem de se tratar de um tipo de dente susceptível à formação de cáries.
- Segundo, deve haver uma placa bacteriana, isto é, a bactéria que fermenta os hidratos de carbono produz ácidos, que por sua vez criam uma erosão no esmalte dos dentes.
- Em terceiro lugar, existe tempo suficiente para a desmineralização (dissolução do esmalte dos dentes) e insuficiente para que o organismo produza o seu sistema de defesa natural, “remineralize” e repare os danos dos dentes.
Cada um destes factores é no entanto afectado por outros:
- Por exemplo, a presença de flúor contribui para a remineralização e altera a estrutura dentária. O resultado final é que a superfície dentária fica menos vulnerável à cárie.
- A frequência com que se come também é importante, uma vez que quanto mais comida se ingerir, maior é o número de bactérias a ter oportunidade de fermentar os hidratos de carbono.
A saliva tem como função neutralizar os ácidos, proporcionar os minerais para a remineralização e ajudar a limpar mais rapidamente a comida que fica na boca.

Factores dietéticosO efeito da dieta no desenvolvimento de cáries dentárias não é claro, como muitas pessoas acreditam. Enquanto a relação entre a ingestão de hidratos de carbono e a cárie dentária tem sido demonstrada claramente, a relação directa entre a ingestão de açúcar e a cárie tem sido fraca na maioria dos países europeus. Muitas pessoas, por exemplo, consomem quantidades relativamente elevadas de açúcar regularmente, sem necessariamente apresentar muitas cáries dentárias.
Um estudo realizado na Holanda descobriu que o tempo que a comida é retida na boca é mais importante que o conteúdo desta em açúcar. Os investigadores compararam soluções de açúcar com refeições e lanches e observaram que os alimentos compostos por hidratos de carbono tendem a fixar-se e permanecer mais nos dentes , podendo provocar cáries, do que as soluções açucaradas. Estes alimentos não são necessariamente os que consideramos “pegajosos” – por exemplo, os caramelos que se dissolvem e desaparecem da boca com mais rapidez do que alguns alimentos que contêm amido.
A associação que se fazia entre o açúcar e os alimentos que contêm açúcar implicados nas cáries dentárias também tem mudado. Actualmente é conhecido que muitos outros alimentos contendo hidratos de carbono, e que antigamente se diziam “amigos dos dentes”, como o pão, têm contribuído bastante para as cáries.
Por exemplo, os alimentos ricos em amido, como o pão, induzem a produção de ácido pela placa bacteriana, e todas as frutas são uma potencial causa destas. No entanto, devemos continuar a consumir estes alimentos não só pelo prazer, mas também pelos seus benefícios para a saúde.
Actualmente, os cientistas acreditam que o papel da dieta nas cáries dentárias parece estar menos relacionado com a dieta propriamente dita, do que com os comportamentos individuais. Uma boa higiene oral e flúor, especialmente se aplicado de forma tópica mediante uma pasta de dentes que o contenha, tem reduzido a importância da dieta sobre a saúde dos dentes. Contudo, nos países onde a pasta de dentes com flúor não está disponível, uma ingestão regular de alimentos ricos em hidratos de carbono ainda é um factor importante na cárie dentária.
A maior fonte alimentar de flúor é água com um conteúdo deste mineral de 0,55-14 ppm. O flúor é um elemento presente em todos os alimentos; as fontes mais ricas são o chá e o pescado de mar, em que as suas espinhas também são ingeridas (por exemplo, as anchovas).

Prevenção das cáries dentárias
Uma boa higienização oral e o uso de flúor são actualmente considerados os principais factores de prevenção das cáries. De seguida fornece-se mais alguma informação que ajuda a manter os dentes livres desta patologia.
- Inicie pelo cuidado dentário matinal – comece lavando os dentes, após aparece o primeiro dente no bebé. Não deve permitir que uma criança vá dormir, bebendo leite, sumo ou outra bebida doce; uma vez que estes fixam-se nos dentes durante um longo período conduzindo às “cáries do biberão”.
- Lave os dentes com pasta de dentes que contenha flúor duas vezes por dia com fio dentário ou palitos pelo menos uma vez por dia. Não coma após lavar os dentes na hora de dormir, uma vez que o fluxo de saliva diminui enquanto dormimos.
- Pastilhas sem açúcar têm-se demonstrado “amigas do dentes” e ajudam a aumentar o fluxo de saliva e assim a limpar a comida que fica na boca.
- A frequência com que comemos e bebemos é relevante. É bom que ocorra um tempo entre cada refeição, para que a saliva possa neutralizar os ácidos. Não petisque nem beba líquidos a todas as horas.
- Os conselhos dietéticos devem basear-se em práticas alimentares adequadas, que correspondam a recomendações gerais de uma alimentação saudável.

Quais os tipos de hidratos de carbono que podem provocar cáries?
Discussão entre açucares “extrínsecos” e “intrínsecos”.
Muitas pessoas confundem os tipos de hidratos de carbono que podem ser fermentados pela bactéria e causar a cárie dentária. Alguns cientistas têm complicado a situação, dividindo os açucares em extrínsecos e intrínsecos.
Os açucares intrínsecos são aqueles presentes naturalmente na estrutura celular dos alimentos, e que estão presentes principalmente nas frutas e vegetais.
Os açucares extrínsecos, são os que se encontram livres nos alimentos ou que se adicionam a estes. Este grupo é ainda dividido em açúcar do leite (lactose) e açúcar extrínseco ao açúcar do leite, como os sumos de fruta, mel, açúcar adicionado. Estudos mostram que as bactérias podem fermentar ambos os tipos de açúcar, portanto todos os alimentos que contenham hidratos de carbono podem contribuir para a formação de cáries.
Uma dieta saudável e prazerosa associada a uma boa higiene oral, é a melhor forma de proteger os dentes e desfrutar de uma boa saúde no geral.

Fonte: Eufic

Comentários