Altos e baixos

Ouvir um elogio impressionado sobre a altura de um filho enche qualquer pai de orgulho. O pior é quando as observações referem o inverso. Logo os pais se enchem de dúvidas e correm ao médico para ver se o filho está bem de saúde, queixando-se que os filhos dos amigos têm a mesma idade e são bem mais altos.

"O meu filho é mais alto que o teu". A comparação de alturas serviu sempre de pretexto para aferir a superioridade da prole. Filhos altos eram sinónimo de futuros jovens bem sucedidos, líderes da nação e candidatos a quebra-corações.

Aliás, um estudo anglo-polaco veio deitar mais achas para a fogueira. Segundo a pesquisa de cientistas daqueles dois países, os homens mais altos não só têm mais namoradas, como casam mais e têm mais filhos.

Para piorar a angústia dos pais de filhos pequenos, a altura média dos portugueses tem vindo a aumentar significativamente. De acordo com um estudo da Universidade de Coimbra, nos últimos 100 anos crescemos cerca de 9 centímetros, mais ou menos um centímetro por década - ou seja, os miúdos estão cada vez mais altos o que faz com que os baixinhos ainda sejam mais olhados de lado, ou neste caso, de cima.

Na verdade, a altura das crianças é determinada por uma série de factores, não só genéticos mas também ambientais, como a alimentação e cuidados de saúde.
No que respeita aos genéticos, por exemplo, não é só a altura dos pais que vai determinar o tamanho dos filhos, pelo menos quatro ou cinco gerações passadas terão influência.

Mas além disto, é preciso não esquecer que os ritmos de crescimento de cada criança podem variar muito, isto é, um miúdo de sete anos pode ser o mais baixo da turma, mas aos 14 anos pode dar um salto e apanhar os colegas, ficando inclusivamente mais alto do que eles.

Etapas do crescimento
Em termos gerais, os dois primeiros anos de vida são aqueles em que a criança mais cresce. No primeiro ano eles aumentam à volta de 24 ou 25cm, no segundo 12 a 13cm, dos três anos até à puberdade, entre 4 a 7cm por ano, e a partir da puberdade mais 5 a 10cm.

Os rapazes e as raparigas também não crescem a par. Como é sabido, elas crescem mais na infância e puberdade. A primeira menstruação sinaliza o fim do crescimento e a partir daí elas crescem muito lentamente durante apenas mais dois anos.
Os rapazes, pelo contrário, entram na puberdade mais tarde e é nessa fase que crescem mais, chegando a ser 13 centímetros maiores do que elas.

Claro que todos estes valores são meramente indicativos. Uma pequena variação para baixo ou para cima não representa um problema se a criança for saudável, dormir e comer bem, praticar desporto e não tiver doenças crónicas, como asma, diabetes, problemas de absorção dos alimentos ou outros que impeçam o crescimento normal.

Nalguns casos, no entanto, o atraso no crescimento pode indicar a falta da chamada hormona do crescimento. Se a criança crescer menos de 4 centímetros por ano num período de três anos, o caso merece alguma atenção.
Se for caso disso, o médico pode recomendar a administração da hormona de crescimento, mas a opção por este tratamento deve ser bem ponderada já que entre os efeitos secundários podem estar tumores e diabetes.
Alguns casos em que está indicada a hormona do crescimento são:
- O nanismo hipofisário: uma deficiência congénita da hormona do crescimento;
- A síndrome de Turner: doença congénita do sexo feminino com origem numa deficiência nos cromossomas;
- A insuficiência renal crónica: apesar de haver níveis normais de hormonas de crescimento, a insuficiente ingestão de calorias e a anemia podem atrasar o crescimento destas crianças.

Apesar de termos crescido 9 centímetros nos últimos 100 anos, continuamos a ser os mais pequenos da UE, com uma altura média de 1,72cm.
Para termo de comparação, os nossos vizinhos espanhóis medem em média 1,74cm e os holandeses, 1,84cm.
A altura das crianças é determinada por uma série de factores, não só genéticos mas também ambientais, como a alimentação e cuidados de saúde.

In revista Activa (Agosto 2009)

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