Depressão infantil

O Transtorno Depressivo Infantil é um transtorno do humor capaz de comprometer o desenvolvimento da criança ou do adolescente, e interferir com seu processo de maturidade psicológica e social.
São diferentes as manifestações da depressão infantil e dos adultos, possivelmente devido ao processo de desenvolvimento que existem na infância e adolescência.
A morbidade da depressão reflecte-se no facto de que os adultos deprimidos são 20 vezes mais propensos a morrer de acidentes ou de suicídio, do que adultos sem transtorno psiquiátrico.
Tanto os quadros de Distimia quanto de Transtorno Afectivo Bipolar, podem surgir pela primeira vez durante a adolescência, e o reconhecimento precoce de um estado depressivo poderá ter profundos efeitos na futura evolução da doença.
Na criança e adolescente a depressão, na sua forma atípica, esconde verdadeiros sentimentos depressivos sob uma máscara de irritabilidade, de agressividade, hiperatividade e rebeldia.
As crianças mais novas, devido à falta de habilidade para uma comunicação que demonstre o seu verdadeiro estado emocional, também manifestam a depressão atípica, notadamente, com hiperatividade.

SintomasNas crianças e adolescentes, é comum a depressão ser acompanhada também de sintomas físicos, tais como fatiga, perda de apetite, diminuição da actividade, queixas inespecíficas, tais como cefaleias, lombalgia, dor nas pernas, náuseas, vómitos, cólicas intestinais, vista escura, tonturas, etc.
Na esfera do comportamento, a depressão na infância e adolescência pode causar deterioração nas relações com os demais, familiares e colegas, perda de interesse por pessoas e isolamento.
As alterações cognitivas da depressão infantil - principalmente relacionadas à atenção, raciocínio e memória - interferem sobremaneira no rendimento escolar.
Os sintomas mais frequentes da depressão na infância e adolescência costumam ser os seguintes: insónia, choro, baixa concentração, fatiga, irritabilidade, rebeldia, tiques, medos lentidão psicomotora, anorexia, problemas de memória, desesperança, ideações e tentativas de suicídio. A tristeza pode ou não estar presente.

Sinais sugestivos de depressão infantil
  • Mudanças de humor significativa
  • Diminuição da actividade e do interesse
  • Queda no rendimento escolar, perda da atenção
  • Distúrbios do sono
  • Aparecimento de condutas agressivas
  • Auto-depreciação
  • Perda de energia física e mental
  • Queixas somáticas
  • Fobia escolar
  • Perda ou aumento de peso
  • Cansaço matinal
  • Aumento da sensibilidade (irritação ou choro fácil)
  • Negativismo e Péssimismo
  • Sentimento de rejeição
  • Ideias mórbidas sobre a vida
  • Enurese e encoprese (urina ou defeca na cama)
  • Condutas anti-sociais e destrutivas
  • Ansiedade e hipocondria
Diagnóstico
O transtorno depressivo na infância e adolescência caracteriza-se por uma sintomatologia afectiva de longa duração e está associado a vários outros sinais e sintomas vistos acima, tais como, insónia, irritabilidade, rebeldia, medo, tiques, mudanças nos hábitos alimentares, problemas na escola, na vida social e familiar.
  • Na fase pré-verbal a criança deprimida pode manifestar o humor rebaixado através de expressões mímicas e do comportamento. A inquietação, o retraimento social, choro frequente, recusa alimentar, apatia e alterações do sono podem ser indícios de depressão nesta fase.
  • Na fase pré-escolar as crianças podem somatizar o transtorno afectivo, o qual se manifestará através de dor abdominal, falta do ganho de peso, atraso no desenvolvimento físico esperado para a idade, além da fisionomia triste, irritabilidade, alteração do apetite, hiperactividade e medo inespecíficos.
    Dos 2-3 anos até a idade escolar a depressão infantil pode manifestar-se ainda com quadro de ansiedade de separação, onde existe sólida aderência da criança à figura de maior contacto (normalmente a mãe), ou até sinais sugestivos de regressão psicoemocional, como trejeitos mais atrasados da linguagem, encoprese e enurese.
  • Na fase escolar, o cansaço, a dificuldade de concentração, as alterações da memória, a astenia e adinamia são as complicações da depressão infantil que comprometem muito o rendimento escolar e a aprendizagem. Essa confrontação continuada com o fracasso, acaba fazendo com que o nível de autoestima também se comprometa, podendo levar a criança a apresentar desde isolamento social até transtornos de conduta (pseudo transtorno de conduta, na realidade).
Para essas alterações afectivas possíveis na primeira infância a Organização Mundial de Saúde (OMS) elaborou uma série de critérios de observação. Foi um grande passo na descrição das manifestações de transtornos psicológicos nesta faixa etária, dividindo-os em duas categorias:
  1. Reacção de Abandono (ou de Dor e Aflição Prolongadas), que é específica das situações onde falta a figura materna ou de um cuidador afectivamente adequado, e
  2. Depressão da Infância Precoce.

Comentários

  1. Parabéns pelo post. Sem dúvida descobrir a depressão na infância é fundamental para uma vida adulta sem maiores sustos. Principalmente a bipolaridade. Tratando no início é possível que a criança cresça com muito sucesso, já que poderá utilizar todo o seu potencial criativo etc.

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