Iliteracia

O que é a iliteracia ou iletrismo?

O dicionário da Porto Editora define-a como «dificuldade em ler e interpretar, e escrever; falta de conhecimentos considerados básicos; analfabetismo».

Para Houaiss, a iliteracia significa «qualidade ou condição de quem é iletrado - incapacidade de ler ou escrever; barbarismo (ortoépico, gráfico, gramatical ou semântico) típico do iletrado».

Desde os anos 80, que os países mais desenvolvidos renderam-se a uma nova evidência: muitos adultos, apesar de vários anos de escolarização, não dominam a leitura, a escrita e o cálculo, demonstrando sérias dificuldades em utilizar na vida quotidiana material em diferentes suportes. Estes indivíduos, vêm deste modo diminuídas as respectivas capacidades de participação na vida social, em planos como os do exercício da cidadania, das possibilidades profissionais e do acesso à cultura. Podemos dizer que a iliteracia limita o acesso ao mercado de trabalho, as possibilidades de emprego e a capacidade de adaptação a uma sociedade e a uma economia em transformação.

Num mundo em que a informação e o conhecimento estão a constituir-se como factores determinantes da vida social, a capacidade de usar informação escrita de forma generalizada, tornou-se essencial. É hoje incontornável o facto de que as capacidades reduzidas neste domínio geram riscos sérios de exclusão social.
A luta contra a iliteracia é imprescindível, na medida em que realiza e reforça a liberdade individual e permite a igualdade de acesso a todos os direitos fundamentais. Este combate não pode ser apenas uma tarefa dos professores, mas deve contar igualmente com o empenho de toda a sociedade e de todas as administrações públicas.
Os factores da iliteracia são vários, sendo que os antecedentes familiares da população são um factor importantíssimo a considerar. A grande escassez de recursos escolares existente nos quadros de socialização familiar da esmagadora maioria da população, a ausência de certificados escolares e os contextos domésticos empobrecidos em livros e outros materiais escritos, muito contribuíram para as taxas elevadas de iliteracia verificadas em Portugal.
Outro factor relevante diz respeito ao sistema educativo e a acção da escola, uma vez que esta nem sempre adopta as estratégias pedagógicas apropriadas, e não estabelece as relações com os contextos sociais envolventes mais adequados à aprendizagem efectiva das capacidades de leitura, escrita e cálculo por parte das crianças, em particular das provenientes dos meios sociais mais desmunidos de recursos económicos e culturais.

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