Obesidade infantil


A prevalência da obesidade infantil triplicou, em muitos dos países europeus, desde 1980. Cerca de 20% da população europeia é obesa e estas tendências são particularmente preocupantes entre as crianças e nos estratos socio-económicos mais desfavoráveis.
Portugal encontra-se numa das posições mais desfavoráveis do cenário europeu, apresentando mais de metade da população com excesso de peso e sendo um dos países do espaço da Europa em que é maior a prevalência de obesidade infantil.
É nos meios urbanos que a obesidade infantil deixa a sua marca mais pesada no entanto, a ruralidade também não mostra um cenário diferente. As estatísticas dizem que, a nível nacio­nal, mais de 30% das crianças entre os 9 e os 16 anos são obesas ou sofrem de excesso de peso.
O menor consumo de sopa, frutos, hortaliças e legumes e menos cereais completos e a opção por produtos de reduzido valor nutricional mas de elevada densidade calórica, isto é, alimentos pobres em nutrientes mas ricos em calorias e que podem engordar, aliado à escassez de exercício físico são dois factores promotores da propagação da doença, já considerada, pela OMS como epidemia e, por isso, um enorme problema de saúde pública.
Contudo, apesar deste cenário, as consequências reais a longo prazo parecem passar despercebidas a pais e Estado . Sobretudo quando se tem em conta que a alimentação incorrecta e a escassa prática de actividade física são a base desta situação, não só nos adultos, mas particularmente na população infantil e, por isso, passível de prevenção.
Certo é que, neste momento, calcula-se que no futuro haja mais adultos que, para além de obesos, vão sofrer de patologias cardiovasculares, cada vez mais cedo. Vão ser mais atingidos pelos efeitos da diabetes tipo 2, que também sobe a olhos vistos nos jovens de hoje. Já para não falar de distúrbios da personalidade, decorrentes do estigma de ser gordo.

Orientar a Família
Sabe-se hoje que muitas das doenças crónicas são originadas durante a vida intra-uterina (muito importante a alimentação da grávida) e que nas idades entre os 2 e os 4 anos, por exemplo, se dá uma importante mudança no corpo das crianças, em particular na distribuição e constituição do tecido adiposo (gordura do corpo) que está relacionada com o risco de a criança vir a ser um adulto obeso e a sofrer de doenças como as cardiovasculares, diabetes e alguns cancros, entre outras.
  • Sem dúvida, os pais são os principais orientadores, como tal, devem impor regras, devem dar o exemplo. Ser capaz de dizer que não e explicar porquê… e as crianças entendem!
  • O estabelecimento dos horários das refeições é muito importante e um contexto em que se educa as crianças. São importantes a firmeza e a disciplina com flexibilidade.
  • As refeições, os seus horários e os lugares à mesa são fundamentais e de importantes momentos para a transmissão dos valores da alimentação tradicional e da família.
  • A mesa é um contexto fundamental de educação. Usar adequadamente os exemplos dos mais velhos, nomeadamente dos avós.
A escola

A Escola é, sem dúvida, o ambiente privilegiado da educação para a saúde e representa o principal contexto social onde hábitos e estilos de vida são adquiridos. No microambiente, o comportamento da criança desenvolve-se através da interacção com outras crianças, professores, com a sua comunidade, que por sua vez são influenciados ao nível do macroambiente por políticas regionais, nacionais, por sectores públicos e privados da sociedade.
A escola, é assim, um dos elos principais da rede de influências nos hábitos de vida das crianças e por várias razões:

  • As escolas têm o potencial de influenciar um largo número de crianças ao mesmo tempo;
  • As crianças passam cerca de 6-8 horas por dia na escola (50% do seu tempo acordado) por aproximadamente 10 anos da sua vida;
  • Muitas crianças fazem 2 ou mais refeições na escola;
  • Atingem as crianças em períodos de vida fundamentais para a aprendizagem de hábitos saudáveis, transmitido por pessoal qualificado;
  • Disseminam o efeito até às famílias através das crianças;
  • São um elo importante para a participação da comunidade;
  • Providenciam informação através dos seus programas de intervenção;
  • A modelação dos hábitos alimentares pode ser fácil e de baixo custo;
  • Hábitos saudáveis perduram até à fase adulta.
Ao mesmo tempo, sabe-se que crianças saudáveis têm melhor rendimento escolar, faltam menos à escola, apresentam menos problemas comportamentais, têm atitudes mais positivas, têm melhor qualidade de vida, têm maior probabilidade de virem a ser adultos produtivos e saudáveis, têm pais mais informados e apresentam menor encargo para a sociedade. É fácil concluir que o investimento na educação reflecte-se claramente na saúde dos indivíduos.

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