Osteoporose em crianças e jovens

A osteoporose é a perda de massa óssea, isto é, a diminuição da densidade do osso e ocorre devido a vários factores. Dependendo do nível desta diminuição, o osso pode ficar mais fraco e susceptível a fractura.

O cálcio desempenha um importante papel no crescimento e desenvolvimento normal dos ossos e dentes. O principal local de armazenamento do cálcio são os ossos. Além do cálcio e outros minerais, o osso contém também células formadoras e destruidoras de osso (osteoblastos e osteoclastos).

Apesar de ser uma doença que afecta sobretudo mulheres na menopausa e idosos, na verdade, ela também atinge 25% das crianças com doenças crónicas, principalmente as que interferem na ingestão e na absorção de nutrientes - especialmente cálcio e vitamina D, o que leva à perda de massa óssea e ao aumento da fragilidade dos ossos.
Entre os problemas que podem levar a isso incluem-se doenças intestinais, reumáticas e renais crónicas, além de fibrose cística e de anorexia. Crianças e adolescentes que usam cortisona, para asma e artrite reumatóide, de forma prolongada, ou sofrem de algum tipo de doença congénita ou endócrina, também têm grande probabilidade de desenvolver a osteoporose.

Causas de osteoporose na infância
A osteoporose pode ser primária (quando não há uma causa evidente de perda de densidade óssea) e secundária (quando é decorrente de doenças como doenças gastrointestinais, reumáticas, renais, pulmonares, endócrinas, alergia ao leite de vaca ou intolerância à lactose, uso de certos medicamentos e imobilização prolongada).
Os principais exemplos de osteoporose primária são a osteogenese imperfeita e a osteoporose juvenil idiopática.
A osteogenese imperfeita tem maior incidência em certas famílias e leva à perda importante de estatura, decorrente das fracturas.
A osteoporose juvenil idiopática costuma surgir na pré-adolescência ou adolescência e a perda da massa óssea pode durar por 4 a 6 anos, levando ao aparecimento de fracturas.

Sintomas da osteoporose

A osteoporose é assintomática, a menos que ocorram fracturas, que são raras na infância. Queixas de dor são geralmente associadas a fracturas e raramente à forma primária da doença.

Deve pensar-se em osteoporose nas crianças com baixa ingestão de cálcio, com fracturas de repetição, com história familiar de osteoporose, com alterações nas radiografias e com factores de risco como presença de doenças crónicas e uso de medicamentos que baixam a densidade óssea (como o corticóide).

Diagnóstico
O exame que diagnostica a osteoporose é a densitometria óssea. Este exame é indolor, de rápida execução (cerca de 20 minutos) e tem pouca exposição à irradiação. Erros de diagnóstico podem ocorrer quando a técnica não é adequada ou não se leva em conta o sexo, idade ou estatura da criança.
Este exame está indicado para crianças e principalmente adolescentes com baixa ingestão de cálcio, nos casos de indivíduos com várias fracturas, em doentes com doenças crónicas e uso de medicações que prejudicam o osso e nos indivíduos com história familiar de osteoporose ou com alterações sugestivas de perda de massa óssea já presentes na radiografia.
A radiografia nem sempre está alterada e só mostra perda de densidade óssea nos casos mais avançados.

Tratamento
Uma vez diagnosticada a osteoporose, o tratamento deve ser iniciado. As principais medidas são:
• Eliminação de factores de risco como álcool, fumo e sedentarismo;
• Exposição ao sol;
• Ingestão de leite e derivados;
• Uso de cálcio e vitamina D;
• Eventualmente, uso de outras drogas.

Prevenção
É durante a infância e principalmente na adolescência que se previne a osteoporose da menopausa e terceira idade. Deve estimular-se a ingestão de adequada quantidade de leite e derivados, evitar factores de risco, como álcool e fumo, e praticar exercícios físicos.

Dependendo da idade, a necessidade diária de cálcio é variável.
Ingestão diária de cálcio (em mg)
Lactentes
- Nascimento até 6 meses
- 400
- 6 meses a 1 ano - 600
Crianças
- 1 a 5 anos
- 800
- 6 a 10 anos - 800-1200
Adolescentes/adultos jovens/grávidas - 1200-1500

Alimentos ricos em cálcioOs principais alimentos ricos em cálcio são: leite (integral ou desnatado), derivados do leite (iogurte, queijo, sorvete), verduras (couve, brócolos e espinafre) e laranja. Alguns legumes, peixes, sementes e nozes também podem ser opções. Deve-se evitar dietas com excesso de proteínas e sal ou excesso de fibras.

Adaptado de artigo de Dra. Shirley de Campos (2007)
10 mandamentos alimentares contra a osteoporose
Para além da importância que o cálcio assume na prevenção e combate à osteoporose, há mais regras alimentares a assegurar. São simples e dão saúde ao esqueleto e, em geral, a todo o organismo:
1. Consuma leite (e derivados) em abundância – são nutricionalmente muito ricos e fabulosos fornecedores de cálcio, além de terem uma excelente relação qualidade-preço.
2. Não passe mais do que 3 a 4 horas sem comer.
3. Inicie as suas refeições com uma boa sopa de vegetais (a OMS recomenda 400 g diários) e consuma-os em abundância.
4. Assegure-se que em todas as refeições entram alimentos ricos em amido: pão, feijão, massa, arroz, etc..
5. Privilegie a fruta (a OMS recomenda 200 g diários).
6. Coma apenas pequenas porções de carne, produtos derivados e pescado. Porções superiores a 150 g diários de carne e de pescado são mais contraproducentes para a saúde de idosos e adultos que vantajosas – desde que sejam consumidas as doses indicadas de produtos lácteos. Os adolescentes poderão consumir 200 g. Quantidades maiores podem afectar os rins e prejudicar a mineralização do esqueleto.
7. Use pequenas porções de gorduras para cozinhar e temperar os alimentos. Prefira o azeite. Retire as gorduras visíveis à carne. Evite fritos.
8. Fuja de doces de um modo geral e não exagere no sal.
9. Coma tranquilamente à mesa.
10. Hidrate-se em abundância - a água é vital.

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