Teoria psicossexual de Freud

Pode definir-se desenvolvimento como um conjunto de transformações que ocorrem ao nível físico e psicológico, desde o nascimento até à morte dos indivíduos, apesar de ser durante a infância e a adolescência que ocorrem grandes transformações.
Atendendo a que o desenvolvimento se relaciona com a adaptação, poderíamos dizer que há desenvolvimento sempre que uma pessoa se adapta a uma situação nova, como por exemplo: mudar de emprego, casar-se, divorciar-se, ter um filho, mudar de país, etc.
Assim, o desenvolvimento corresponde a uma adaptação progressiva às condições e exigências do meio, a um processo de auto-organização.
Quando falamos em desenvolvimento humano, temos de ter em conta vários factores: anatómicos, bioquímicos, neurofisiológicos, motores, perceptuais. cognitivos, linguísticos e sociais. Nenhum destes subsistemas pode ser encarado de forma independente e autónoma. Todos estão interligados por relações interactivas, isto é, a modificação de um tem como consequência alterações em todos os outros sistemas.
Podemos concluir que o desenvolvimento implica o sujeito na sua globalidade, porque o ser humano é uma totalidade psicobiossociológica.
Ou seja, o desenvolvimento é o resultado da interacção entre a componente biológica e a componente social, isto é, depende de factores hereditários e de factores sociais.
O desenvolvimento da personalidade é explicado por Freud pela evolução da forma como a pessoa procura obter prazer – a sexualidade – que na infância (sexualidade infantil) é sobretudo auto-erótica (dirigida a si mesma), e só a partir da adolescência passa a ser essencialmente voltada para os outros.
Freud propôs duas teorias psíquicas tópicas:
Tópica
  • Inconsciente - pulsões, desejos, sentimentos, recordações recalcadas cujo acesso ao consciente é impedido pela censura.
  • Subconsciente - zona do psiquismo entre o consciente e o inconsciente constituída por conteúdos que podem ser trazidos à consciência.
  • Consciente - zona do psiquismo que corresponde aos pensamentos, sentimentos a que o sujeito tem acesso directo através da introspecção.
Tópica

  • Id - instância totalmente inconsciente do aparelho psíquico cujos conteúdos principais são as pulsões (sexual e agressiva) e os desejos reprimidos; rege-se pelo princípio de prazer e pelo processo primário (procura imediata e sem reservas da satisfação e do prazer).
  • Ego - instância fundamentalmente consciente que se forma a partir do Id. Regulador e gestor das forças contraditórias entre Id (pulsões inconscientes) e Superego (exigências do meio).
  • Superego - instância do aparelho psíquico cujos conteúdos representam as normas, regras e interditos sociais, culturais e morais interiorizados.
Estádios

  • Estádio oral (até 1 ano)
    A zona erógena é a boca (prazer em mamar, pôr objectos na boca…); com o desmame surge o conflito entre o que deseja e a realidade.
    O Id (pulsões inatas) existe desde o nascimento. Começa a formar-se o Ego pela consciência das sensações corporais.
  • Estádio anal (1-3 anos)
    A zona erógena é a região anal (prazer em controlar a retenção e expulsão das fezes); sentimentos ambivalentes – conflito – o controlo fecal induz dor e não só prazer e há um desejo de ceder e, em simultâneo, de se opor às pressões sociais para a higiene.
  • Estádio Fálico (3-5 anos)
    A zona erógena é a região genital; a sexualidade deixa de ser exclusivamente auto-erótica e dirige-se aos pais, concretizada no Complexo de Édipo (atracção pelo progenitor do sexo oposto e agressividade perante o progenitor do mesmo sexo, visto como rival). Este conflito é ultrapassado quando a criança se identifica com o progenitor do mesmo sexo. As proibições e normas impostos no Complexo de Édipo são interiorizadas, dando origem à formação do Superego.
  • Estádio de latência (6-11 anos)
    Há uma diminuição da expressão da sexualidade, mas a problemática do Complexo de Édipo permanece oculta, sem se manifestar. É neste estádio que ocorre a amnésia infantil: a criança reprime no inconsciente as experiências que a perturbaram no estádio fálico. É uma forma de defesa. A criança concentra a sua energia nas aprendizagens escolares e sociais.
  • Estádio genital (a partir da adolescência)
    A sexualidade passa a ser dirigida aos outros e à consumação do acto sexual. A problemática do Complexo de Édipo, latente na fase anterior, é reavivada e vai ser definitivamente resolvida pelo luto das imagens idealizadas dos pais.
    Mecanismos de defesa: Ascetismo (negação do prazer, controlo das pulsões sexuais através de disciplina e isolamento) e Racionalização (o jovem procurar esconder os aspectos emocionais do processo adolescente, interessando-se por actividades do pensamento onde coloca toda a sua energia).

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