Trauma e vida intra-uterina

"Quando a pessoa sente medo de fazer alguma coisa por falta de segurança, podemos classificá-lo como um dano emocional após um facto que certamente levou a pessoa a crer que não dá para encarar aquela situação novamente de frente."

Trauma é a consequência dum facto acompanhado de uma emoção violenta, que vai modificar de uma maneira permanente a personalidade de um indivíduo, sensibilizando-o duma forma especial para emoções análogas posteriores.
Isto é, um acontecimento violentamente emotivo desenrola-se em determinada época dum indivíduo, mesmo na sua primeira infância (até aproximadamente aos 4 ou 5 anos); com o decorrer do tempo vai lentamente passando do consciente ao inconsciente e é mais um conteúdo desagradável armazenado na imensidade da pantomnésia do inconsciente (memória de tudo).
Enquanto esse trauma não é removido através de psicoterapias adequadas, enquanto o indivíduo não consciencializa a causa primária, a raíz traumática, acontece que, em face de situações análogas que se assemelham por vozes, lugares, por seres idênticos, por algo que o inconsciente capta como um factor do acontecimento traumático vivenciado, num outro tempo, que pode situar-se num tempo distante, por ab-reacção, ou seja, a repetição dramática do momento traumático, a recapitulação inconsciente emocional em estado desperto, o sofrimento eclode, sem que o indivíduo se aperceba do porquê do seu mau estar intrapsíquico. Por isso se afirma que o Trauma "vai modificar duma forma permanente a personalidade".

As principais fontes traumáticas podem provir da:
- Vida intra-uterina
– é provado por estatísticas em várias clínicas que muitos traumas dos pacientes foram gravados na vida intra-uterina, conhecimento que se tem, sem dúvida, através de processos hipnóticos.
Durante a gestação a mulher é muito sensível às mudanças psico-biológicas que nela se operam. Esse tempo é mais do que nunca cheio de necessidades absolutas, de carinhos e atenções.
- Infidelidades, faltas de atenção, ausência de afecto, e até de presença física … palavras que a mulher grávida sente como frieza, injustiças, abandono, criam verdadeiros traumas à grávida que os transmite ao feto.
- Rejeição da gravidez pela mãe ou pelo pai é outro factor de trauma, que dificulta por vezes o nascimento do bebé e pode depois provocar rejeição ao próprio alimento.
- Problemas familiares conflituosos com gritos, discussões onde se ignora a vida que se gera, ressentimentos consumidores, revoltas angustiantes, que originam conflitos de agressividade, raivas incontidas, que provocam uma super-abundância de adrenalina que vai afectar o feto.
Acidentes externos, como acidentes em que o pavor domina uma mulher grávida, sobretudo nos últimos meses de gravidez, ruídos fortes que abalam a massa encefálica, espancamentos, etc, podem mais tarde desiquilibrar a harmonia mental. Crianças nascidas durante a guerra, de mães povoadas de medos aterrorizadores, vêm com traumas profundos que podem afectar o equilíbrio mental.
Todos os acontecimentos angustiantemente emocionantes podem traumatizar toda uma vida, a não ser que através de psicoterapias adequadas seja arrancada do inconsciente a raíz do trauma.
Artigo de Gia Carneiro Chaves

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