Sobre medir INTELIGÊNCIA

A história dos testes de inteligência
Os testes de inteligência surgiram na China, no século V, e começaram a ser usados cientificamente na França, no século XX.
Nas melhores acepções da palavra “inteligência”, os testes aplicados pelos chineses foram provavelmente os primeiros testes cognitivos de que se tem registo.
Pitágoras, no século a.C., testava os aspirantes a seus pupilos, contudo eram testes de conhecimentos geométricos e dificilmente poderiam ser considerados testes de inteligência.
Luiz Pasquali, reportando-se a Dubois, afirma que os testes já eram usados na China 3.000 anos a.C., enquanto Anne Anastasi, reportando-se a Bowman, diz que os testes chineses foram usados durante cerca de 2.000 anos (não especifica de quando a quando), referindo também que foram utilizados exames na Grécia Antiga e na Europa Medieval.
No entanto, em todos esses casos, tratavam-se de testes de cultura, com baixo teor de “inteligência fluida”, de modo que os testes chineses do século V d.C. foram provavelmente os primeiros testes de inteligência, no sentido mais restrito da palavra.
No Ocidente, os trabalhos pioneiros foram realizados pelo médico Esquirol, que em 1838 associou os diferentes níveis de atraso mental aos diferentes níveis de fluência verbal.
Os primeiros testes de inteligência propriamente ditos, que deram origem aos modernos testes de QI, foram desenvolvidos no início do século XX, e começaram a ser utilizados em 1904.

Surge depois Binet, que pretendia criar um instrumento que possibilitasse o diagnóstico objectivo de deficiências mentais, para além de medir a gravidade da deficiência. Para tal, Binet formulou vários questionários, que foram aplicados a grupos de crianças de diversas faixas etárias, e assim nasceu o conceito de “idade mental”. Segundo Anastasi, reportando-se a T. H. Wolf, Binet não gostava do termo “idade mental” e preferia usar a expressão “nível mental”. Isso demonstra a refinada percepção de Binet, porque objectivamente o termo “nível mental” teria evitado diversas confusões que ocorrem em virtude do uso inadequado da expressão “idade mental”.
Alfred Binet e o seu colega Theodore Simon criaram a Escala de Binet-Simon, usada para identificar estudantes que pudessem precisar de ajuda extra na sua aprendizagem escolar. Os autores da escala assumiram que os baixos resultados nos testes indicavam uma necessidade para uma maior intervenção dos professores no ensino destes alunos e não necessariamente que estes tivessem inabilidade de aprendizagem.
Compreenderam claramente as limitações do método que utilizavam, e não ousaram ir além desse ponto, sem antes desenvolver uma metodologia mais apropriada e ter uma melhor compreensão do assunto. No entanto, em 1906, na Universidade de Stanford, Lewis Madison Terman publicou uma versão aprimorada dos testes de Binet, que prontamente foi reconhecida como a melhor bateria de testes de inteligência da época.
Em 1912, William Stern propôs o termo “QI” (quociente de inteligência) para representar o nível mental, e introduziu os termos "idade mental" e "idade cronológica". Stern propôs que o QI fosse determinado pela divisão da idade mental pela idade cronológica. Assim uma criança com idade cronológica de 10 anos e nível mental de 8 anos teria QI 0,8, porque 8 / 10 = 0,8. Foi assim que nasceu o termo “QI”.

Embora a sugestão de Stern tenha sido bem aceita por seus contemporâneos, todos os estudos desenvolvidos desde a época de Binet já revelavam que o desenvolvimento mental em função da idade cronológica não era linear, portanto a hipótese de Stern, desde a época em que foi proposta, não representava satisfatoriamente os dados experimentais. Ao que tudo indica, Binet já sabia dessas possíveis distorções bem antes de começarem a disseminar o conceito “inadequado” de QI, como representação da divisão da idade mental pela cronológica.
O próprio Binet não apreciava sequer o termo “Idade Mental”; ele preferia “Nível Mental”. Mas Binet faleceu em 1911 e não havia quem contestasse o sistema proposto por Stern, por isso os procedimentos inadequados continuaram a ser usados durante algumas décadas, produzindo resultados distorcidos.
Em 1916, Lewis Madison Terman propôs multiplicar o QI por 100, a fim de eliminar a parte decimal: QI = 100 x IM / IC, em que IM = idade mental e IC = idade cronológica. Com esta fórmula, a criança do exemplo acima teria QI 80.
Em 2005, o teste de QI mais usado no mundo foi o Raven Standard Progressive Matrices. O teste individual mais usado é o WAIS-III. O teste de Q.I. individual mais administrado em pessoas de 6 a 17 anos é o WISC-III (Escala de Inteligência Wechler para Crianças), originalmente desenvolvido em 1949, revisto em 1974 (WISC-R), 1991 (WISC-III) e 2003 (WISC-IV). Tanto o WAIS quanto o WISC foram criados por David Wechsler. A última versão do WAIS consiste em 14 subtestes destinados a avaliar diferentes capacidades cognitivas. O WISC é constituído por 13 subtestes. Os subtestes são subjetivamente estratificados em dois grupos: escala verbal e escala de realização.

O termo “inteligência” é utilizado com demasiada frequência, provavelmente sem nos interrogarmos o tempo suficiente sobre o seu real significado. Certo é que estamos face a um conceito ou constructo, que não desfruta de consenso, mesmo entre os especialistas na área. A inteligência pode ser definida como a capacidade mental de raciocinar, planear, resolver problemas, abstrair ideias, compreender ideias e linguagens e aprender. Embora no geral as pessoas percebam o conceito de inteligência, na Psicologia, o estudo da inteligência geralmente entende que este conceito não compreende a criatividade, a personalidade, o carácter ou a sabedoria. As definições de inteligência enfatizam sobretudo a capacidade para se ajustar ou adaptar ao meio, a capacidade para aprender e a capacidade para pensar de forma abstracta (usar símbolos e conceitos).

Estratégias para a inclusão de sobredotados
• Evitar sentimentos de superioridade, rejeição dos demais colegas, sentimentos de isolamento etc.;
• Promover pesquisa, estimular a persistência na tarefa e o engajamento em actividades cooperativas;
• Adquirir materiais, equipamentos e mobiliários que facilitem os trabalhos educativos; ambientes favoráveis de aprendizagem como: ateliê, laboratórios, bibliotecas etc.;
• Fazer uso de materiais escritos de modo que estimule a criatividade: lâminas, posters, murais, inclusão de figuras, gráficos, imagens etc. e de elementos que despertam novas possibilidades.

Fonte: JovensSobredotados.com

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