A psicomotricidade como pré requisito no processo de alfabetização

Psicomotricidade é uma prática pedagógica que objectiva colaborar para o desenvolvimento global da criança no processo de ensino-aprendizagem, proporcionando o aspecto físico, mental e sócio-cultural, visando coerência com a realidade dos educandos. É a capacidade de coordenar os movimentos pressupondo o exercício de múltiplas funções psicológicas, motoras, de memorização, atenção, observação, raciocínio, discriminação, etc. O entendimento dos processos relacionados à motricidade é de suma importância para o planeamento pedagógico e psicopedagógico, centrado no desenvolvimento do aprendiz. Várias crianças têm apresentado deficit de aprendizagem devido à ausência de trabalhos focando certas habilidades necessárias a este avanço. Todavia, este quadro pode ser evitado se as instituições educativas adoptarem o "brincar" como recurso necessário e diário nos seus planos de actividades.

A criança que anda sobre uma linha no chão, pula pneus, salta à corda, rasteja, corre, engatinha, encontra objectos escondidos, percebe diferenças entre o cenário anterior e o actual, participa de actividades de música, canta, dança, brinca de roda, à cabra cega, a passar o anel, às escondidas, etc., dificilmente apresentará dificuldades no processo de alfabetização.
Os tradicionais rabinhos de porco e pontilhados dão lugar ao brincar com função pedagógica, andar sobre o rabinho de porco, desenhar no chão e observar o seu desenho e os desenhos dos colegas. Ainda, adquirir ritmo através da música, noções de lateralidade (esquerda/direita), em cima/em baixo, fino/grosso, alto/baixo, grande/pequeno e tantas outra habilidades que possibilitam um rápido entendimento do processo de escrita e da leitura. Movimentos de pinça (pegar objectos com a ponta dos dedos), soprar canudinhos (bolinhas de sabão), confeccionar bolinhos e brinquedos, rasgar e embolar papéis, reconhecimento de partes do seu corpo (esquema corporal), favorecem o pegar no lápis e nos demais objectos escolares, estimulam o traçado das letras e a observação das diferenças entre b e d, por exemplo.
As trocas de V por F, D por T, podem ser evitadas desenvolvendo actividades que estimulem a percepção auditiva das crianças. Essas actividades possibilitam também a socialização dos educandos, respeito à sua vez e às regras das actividades, disciplina e cooperação. A criança que tem o previlégio de fazer parte de uma educação que enfatize as brincadeiras em os seus planos, certamente não encontrará dificuldades no processo de alfabetização, pois aprendeu de forma concreta aquilo que no tempo certo irá colocar no papel.

Em controvérsia, quando esta fase não é trabalhada os danos estender-se-ão por boa parte ou toda a vida escolar da criança. A alfabetização pode e deve ser trabalhada na educação infantil, desde que isto aconteça de forma lúdica, respeitando a idade e o tempo da criança.

Retirado de artigo publicado na Artigonal (Dez. de 2008)

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