Calendários em multideficiência

Os calendários são constituídos por símbolos que estão organizados de forma sequencial, representando actividades a realizar e que auxiliam a criança com multideficiência a compreender o que vai fazer.
É organizado de acordo com as capacidades individuais de cada criança e pode ter vários formatos.
Os símbolos podem ser objectos, imagens ou palavras.
Pode ser utilizado nos diversos ambientes frequentados pela criança.

Deste modo, na concepção dos calendários e tendo em conta as características individuais (cognitivas, sensoriais e motoras), poder-se-á recorrer a pistas de objectos de referência, parte de objectos, fotografias, desenhos e dever-se-á sempre que possível relacioná-los aos símbolos gráficos e à palavra escrita, de modo a serem entendidas por um maior número de intervenientes.

A elaboração de um calendário exige um planeamento e uma avaliação sistemática, sendo necessário tomar algumas decisões fase à organização, tais como:
· Actividades que devem constar no calendário e estruturação,
· Qual a funcionalidade dos objectos de referência utilizados,
· Quais os interesses e motivações da criança como o seu nível de desenvolvimento.
· Adequar o calendário em função da criança.

Os calendários ajudam a estruturar o quotidiano através da previsão e da antecipação das actividades e das rotinas, permitindo que a criança saiba o que aconteceu e preveja o que irá acontecer. Mas, vão para além da estruturação, servindo para comunicar, fomentar a auto-estima, as interacções sociais e contribuir para o desenvolvimento cognitivo, sendo a comunicação o eixo transversal e fundamental e desenvolvida em todos os contextos.

Devem ser escolhidas as actividades que fazem parte da rotina da criança e que são mais significativas para ela.
A estrutura do calendário ensina que cada actividade se realiza num determinado espaço de tempo e existem várias ao longo do dia, os seus símbolos estão organizados sequencialmente.
Os espaços que representam cada actividade devem ser claros para se perceberem as diferenças entre eles.
O calendário pode ser organizado com diversos materiais, dependendo da forma de comunicação da criança.
Deverá ser colocado num local de fácil acesso.
Permanecer no local escolhido e ser funcional a sua utilização.
Deve contemplar uma forma de representar o passado.
A criança deve poder compreender toda a extensão do calendário.

Tipos de calendários
Segundo Blaha, R. e Moss. (1996), existem cinco tipos de calendários possíveis de realizar. Sendo o seu grau de dificuldade diferente, indo do mais simples (antecipação) ao mais complexo (agenda). Contudo e ainda segundo os mesmos autores os calendários mais utilizados são os mais básicos, cuja complexidade é menor.

- Antecipação:
Tal como o seu nome indica, este calendário permite que a criança consiga prever o que vai acontecer no momento seguinte.
•Devem ser escolhidas as actividades que fazem parte da rotina da criança e que sejam mais significativas para ela.
•A estrutura do calendário de antecipação deverá ser adaptada a uma actividade e de acordo com o objectivo pretendido.
•A sua construção deverá ter em conta o espaço e o tempo onde se vai desenvolver.
•Os símbolos que as representam deverão estar organizados respeitando a sequência da actividade.
•Após a conclusão da actividade, o calendário deverá ter uma estrutura que permita à criança compreender o conceito de passado, através do fim da tarefa (ex. tapar a caixa, tabuleiro, etc).

O calendário poderá ser elaborado com diversos materiais, dependendo da forma de comunicação da criança. Aquele deverá ser colocado num local de fácil acesso, permanecendo no local escolhido. Permitindo à criança o seu manuseamento e compreender toda a sua funcionalidade.

Destinam-se às crianças:
Ø Que compreendem que um objecto pode servir para representar actividades, pessoas, locais ou acções:
Ø Apresentam um nível elementar de representação;
Ø Não têm nenhuma forma organizada de pedir ou rejeitar as actividades;
Ø Precisam de muito apoio para prestar atenção a acontecimentos externos a si próprias, mas aceitam, mesmo que por breves momentos, a interacção com os outros.

- Diário:
Este calendário embora também antecipe as actividades que a criança vai realizar, porém, fá-lo numa duração de tempo diferente, ou seja, a sua organização é para um período diário. Assim, as actividades obedecem a uma sequência desenvolvida ao longo de um dia.

Os calendários diários permitem:
· que a criança saiba quais as actividades que vai desenvolver ao longo do dia e conversar sobre elas, bem como a forma como se vão organizar;
· Neste tipo de calendários, os símbolos que representam as actividades são organizados sequencialmente, permitindo assim a compreensão das actividades.
 
Possíveis utilizadores, crianças que já conseguem:
Ø Compreender a representação temporal do acabar e do começar uma nova actividade;
Ø Participar nas rotinas incluídas no calendário;
Ø Reagir ao ambiente onde se encontram pelo menos durante um minuto;
Ø Lembrar das actividades e dos objectos usados habituais em várias rotinas diárias;
Ø Estabelecer a relação entre objectos ou as imagens e o que eles representam;
Ø Antecipar alguns passos de uma rotina através da apresentação de uma pista de informação (noção de futuro).

- Semanal:
Este calendário é mais expansivo que o anterior e permite saber as actividades que se irão desenrolar ao longo de uma semana.
Os símbolos que representam as actividades são organizados sequencialmente pelos diversos dias da semana.

O calendário semanal permite:
Ø Conversar sobre acontecimentos que ocorreram ontem e os que irão ocorrer amanhã;
Ø Introduzir novos tópicos ou novo vocabulário.

O calendário semanal deverá ser construído sempre que possível em colaboração com a criança.
É essencial escolher actividades que façam parte da rotina diária e que sejam significativas para a criança.

- Mensal:
Permite à criança saber as actividades que se irão desenvolver ao longo de um mês

- Agenda:
Permite que a criança conheça as actividades que se irão desenvolver ao longo de um período, trimestre ou semestre.

Avaliação
Os resultados obtidos durante as observações servirão para reavaliar e reformular todo o processo de aprendizagem, permitindo, assim, ajustar os níveis de desempenho da criança aos objectivos pré-estabelecidos no PEI.
Neste âmbito, a avaliação deverá ser contínua, recolhendo toda a informação que permita ao professor / educador conhecer a criança em diferentes áreas e em diferentes contextos, tais como: as suas habilidades comunicativas, as suas capacidades cognitivas, os seus interesses, as suas vivências culturais e sociais, bem como ter em conta as expectativas da família e do jovem.

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