Toxicodependência: o melhor é prevenir!

Este trabalho deve iniciar-se muito cedo, mais concretamente entre os 3 e os 5 anos, fase do desenvolvimento muito importante no que se refere aos comportamentos e atitudes apreendidos pelas crianças.

Frequentemente e de uma forma espontânea, os pais expressam o receio de que os filhos enveredem pelos caminhos da droga. A expressão deste sentimento ocorre geralmente na adolescência, fase em que o trabalho preventivo já deveria ter sido desenvolvido. Este trabalho deve iniciar-se muito cedo, mais concretamente entre os 3 e os 5 anos, fase do desenvolvimento muito importante no que se refere aos comportamentos e atitudes apreendidos pelas crianças.

Nesta faixa etária, não faz sentido haver discursos sobre o consumo de drogas, devendo a prevenção ser entendida como um processo de educação para a saúde, em que a importância do corpo, da saúde e da alimentação equilibrada deve ser amplamente transmitida. É importante sublinhar que, nesta etapa de desenvolvimento, temos um aliado poderoso para a nossa acção: a curiosidade natural das crianças. A famosa idade dos 'porquês' deve ser aproveitada para, de uma forma simples, concreta e verdadeira, esclarecer as dúvidas que a criança possa apresentar.

Um dos maiores contributos que os pais podem dar na educação dos filhos é ajudá-los a gostarem de si próprios. Para ajudar a criança a desenvolver uma boa auto-estima é fundamental estabelecer com ela uma relação próxima e carinhosa, impor limites e transmitir regras claras de comportamento. Quando falamos no bem-estar infantil, acabamos sempre por tocar na importância da definição das regras. Esta definição é fundamental para a criança saber até onde pode ir, o que lhe é permitido e o que não é, assim como o que é esperado e o que não é esperado que faça. As regras devem ser consistentes e evoluir à medida que a criança vai crescendo e as punições que resultem da sua violação devem ser razoáveis e proporcionais. Falar nestas questões, embora à primeira vista possa não parecer, é falar em prevenção do consumo de substâncias tóxicas.

Um dos aspectos que mais angustiam os pais actualmente e que mais sentimentos de culpa geram é a falta de tempo para estar com os filhos. Quando confrontada com esta angústia, procuro sublinhar que mais importante que a quantidade de tempo que se passa com os filhos é a qualidade desse mesmo tempo. Por isso, é fundamental reservar alguns momentos especiais em que se possa estar a cem por cento com eles. Estas situações especiais são fundamentais para construir laços fortes e para potenciar momentos de partilha de ideias, de sentimentos e de experiências.

Os pais devem também falar com os filhos sobre a importância de tomar boas decisões e treinar com eles a tomada dessas mesmas decisões, tendo como referência os seguintes passos: face a um problema, enunciar as várias soluções possíveis; seguidamente fazer a lista das consequências positivas e negativas de cada uma delas; e, por fim, escolher a melhor opção. Falar com os filhos sobre a importância de aprender a dizer não e treinar formas de o fazer, partindo de situações desconfortáveis, é outro aspecto importante que não deverá ser esquecido pelos educadores.

Como deve ter reparado, poucas vezes foi referido o tema 'drogas' na exposição que agora termina, pelo facto de também eu considerar que 'o problema essencial não são as drogas, são as pessoas, a maneira como se sentem, vivem e escolhem...'.

Bibliografia:
'Garanta a independência dos seus filhos'.Guia de prevenção para pais e educadores de crianças dos 3-9 anos. Instituto da Droga e da Toxicodependência.

In Educare (18-08-10)

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