Torres (2001), no livro “Dislexia, disortografia e disgrafia”, apresenta as seguintes formas concretas de reeducação dos erros mais usuais na disgrafia:
Forma das letras – os erros de desenho e forma das letras podem dever-se a um insuficiente conhecimento do grafema, a uma incapacidade de execução dos movimentos gráficos necessários à configuração dos mesmos, ou a uma deformação no traçado das letras, em consequência de uma excessiva velocidade de escrita. É muito importante que a criança repasse a configuração correcta de cada um dos grafemas e que interiorize a sua forma através de actividades variadas, como:
- Repassar o contorno das letras;
- Picotar e recortar letras;
- Reproduzir as letras em plasticina;
- Simular o formato das letras no ar;
- Executar as letras em espaços gráficos amplos, com tinta ou com pinturas;
- Executar as letras em folhas de papel quadriculado e liso.
Tamanho ou dimensão das letras – a má combinação de movimentos braço-mão-dedos origina os erros na proporcionalidade das letras. Os movimentos exclusivos do braço e o agarrar o lápis muito em cima dão lugar a letras grandes. Os movimentos exclusivos dos dedos e o agarrar o lápis muito em baixo, dão, pelo contrário, lugar a letras muito pequenas. Outras vezes, este problema de dimensão revela uma má percepção visuomotora. Apesar de puder usar os cadernos de duas linhas, a criança deve exercitar as regularidades da dimensão sem a ajuda de linhas, sendo favorável que comece por tomar como referência a primeira letra que escreveu.
Inclinações inadequadas – este tipo de dificuldade gráfica pode afectar tanto as próprias letras como a linha – inclinação interlinear. Existe uma forte relação entre a inclinação da escrita ou da linha, e a posição do papel e do corpo no decurso da escrita. Existem exercícios específicos que favorecem a estabilidade e direccionalidade da escrita, entre os quais se destacam:
- Traçado de linhas rectas;
- Traçado de linhas paralelas;
- Traçado de ondulações;
- União de dois pontos apenas com movimentos do pulso.
Quando o sujeito começa a escrever é necessário que pratique em folhas de papel unilinear, uma vez que estas fixam uma linha de base para a escrita.
Espaçamentos indevidos – estes verificam-se a dois níveis: entre linhas, ou entre linhas e palavras da mesma linha. As deficiências de separação podem dever-se a problemas de inclinação (uma inclinação excessiva do papel origina junção de letras e uma inclinação ínfima origina separações excessivas). Pode contar-se com a ajuda de cadernos, em especial dos quadriculados, que permitem à criança delimitar os espaços entre palavras de forma controlada, deixando dois ou três quadrados de separação entre cada palavra. A criança vai-se assim habituando aos espaçamentos.
Uniões ou ligações inapropriadas – as perturbações da ligação entre as letras podem dever-se a um inadequado conhecimento do grafema ou da sua execução, tendo como resultado a incorrecção dos traços de união, pelo que a reaprendizagem dos grafemas favorece a intervenção, tal como sucede nos erros relativos à forma das letras. Os exercícios que podem ser executados são:
- Exercícios de repasse de palavras ou frases em papel pautado, sem levantar o lápis;
- Exercícios de cópia de palavras, sem levantar o lápis;
- Exercícios de realização de ligações correctas em textos em que faltam as uniões entre as letras;
- Exercícios de correcção de ditados e composições próprias, completando ou reformando as uniões incorrectas.
Fonte: O movimento da escrita
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